Autor Tópico: A história da Nikon F3  (Lida 10652 vezes)

Offline Black Phoenix

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A história da Nikon F3
« em: 16 de Agosto de 2013, 20:07 pm »
Tinha na família, sem saber um clássico que passou para as minhas mãos nos últimos tempos, uma Nikon F3. A F3 é uma máquina lançada pelo fabricante japonês em Março de 1980, maquina esta que veio substituir a muito aclamada e sucedida F2, a ultima maquina totalmente mecânica fabricada pela Nikon. Só para verem o quão sucedida foi a F3, em 1996 com o lançamento da F5, a F3 ainda se encontrava em produção, mesmo sendo uma máquina que em termos de custos de produção e inventário de peças só trazia problemas, no entanto a Nikon nunca parou a produção da mesma até 2001. O design da mesma foi idealizado por um designer famoso, Girogetto GIUGIARO


 

A F3 foi a última máquina de focagem manual produzida pela Nikon, apesar de já ter alguns automatismos e tecnologia para a altura. É uma máquina que usa pela primeira vez um obturador magneto-electrónico. A vantagem do uso de um obturador magneto-electrónico em vez de mecânico é notada nas seguintes situações:

1 – Controlo da Auto Exposição (tempo que o obturador fica aberto, sendo classificado por 1/xx s em que o xx são as divisões por 1 segundo);
2 – Capacidade de aguentar exposições longas com precisão (3s/10s/30min por exemplo).



A cortina do obturador é fabricada em titânio, movendo-se horizontalmente em vez de verticalmente como as maquinas mais recentes.



Apesar de ser uma máquina virada para os profissionais, o facto de ter automatismos não foi bem recebida pela maioria dos amantes “hardcore” da fotografia, habituados a fazer cálculos de cabeça tendo em conta a abertura da lente, tempo de exposição, tipo de filme montado na câmara, etc.

No entanto foi uma máquina com grande sucesso entre amadores e profissionais, nomeadamente o modelo F3P, produzido especialmente para os Jornalistas (Press) tendo existido também uma versão produzida pela Nikon para a Nasa, tendo sido utilizada no espaço durante muitos anos.





A que eu tenho é uma Nikon F3HP, sendo o prisma igual as P, no entanto o prisma HP possibilita a visibilidade do elemento focado sem necessidade de encostar o olho ao visor óptico, especialmente para quem usa óculos. Difere também da F3P no tipo de botões de selecção, mais subidos que os da F3HP.



Foi também a primeira maquina a ter um ecrã LCD no interior do prisma, com iluminação através de um botão, bem como um visor que captura as inscrições de abertura da lente e as projecta no visor óptico. Esse LCD indica o tempo de exposição bem como dois sinais: - e + para indicar se existe sub ou sob exposição. Quando ambos os símbolos apareciam, a fotografia iria sair correctamente exposta.



Sendo uma máquina modular, totalmente construída em metal, tem a possibilidade de trocar o prisma por vários tipos diferentes bem como os ecrãs de focagem. O mais comum, no modelo que tenho é o tipo K, este que tem a seguinte imagem:



Este ecrã de focagem classifica-se por no centro ter um círculo dividido em 2, circulo esse que caso a lente não esteja focada é o único sitio onde se consegue ver nitidez, sendo que conforme focam, no resto do visor começa a aparecer o que vai ser fotografado. Para se ter a certeza de se ter o elemento focado correctamente, esse meio circulo também ajuda porque divide esse elemento em 2, sendo que o de cima é deslocado para o lado direito e o de baixo para o lado esquerdo. Ao rodar o anel de focagem da lente, ambas as imagens começam a mover-se para o centro, sendo que quando o elemento está focado, a imagem e continua, e o resto do visor fica nítido.

A F3 tem contactos metálicos para utilização de Flash com sincronismo do obturador, no entanto esses contactos encontram-se sobre o manípulo de recolher o filme para dentro do cartucho bem como na roda de selecção de sob/sub exposição e selecção do índice ASA de filme (O chamado ISO nas máquinas novas).





O facto da mesma máquina usar pilhas para alimentar o LCD não impossibilita que a mesma dispare sem pilhas, sendo que a velocidade de obturador fica bloqueada a 1/60s.

Tinha a possibilidade de levar com vários tipos de filme, quer fosse o sistema motorizado de avanço de filme quer com diferentes "back covers", sendo as mais conhecidas as "Databack" que possibilitavam a impressão de data/hora nas fotografias:



Bem como a "backcover" que aceitava rolos de 100 metros, 750 exposições:



Basicamente era uma máquina preparada para o futuro, sendo ainda muito apreciada por muitos fotógrafos pelo mundo.

Pretendo com isto deixar aqui uma pequena historia, possível de ser ainda mais aprofundada. Para quem estiver interessado, recomendo este site onde encontram toda a historia, com detalhes curiosos bem como comparações com a concorrência da altura:

http://www.mir.com.my/rb/photography/hardwares/classics/nikonf3ver2/htmls/index.htm

Quando a mim, pretendo por esta máquina a uso, apenas para filme a B&W, ASA 400 fabricado pela Ilford, pelo tipo de grão que o mesmo tem, dando um aspecto "Vintage" as fotografias.

No entanto dado que a minha máquina tem algumas marcas de uso, normais para a idade que tem, pretendo num futuro restaura-la para o seu estado imaculado como se acabada de sair da caixa. Actualmente encontro-me em limpezas da mesma, de forma a verificar se tudo se encontra bem, principalmente as espumas protectoras que a mesma tem em vários sítios, principalmente na zona do filme e espelho para evitar que entre luz, esponjas essas que se deterioram com muita facilidade.

Num futuro irei publicar as fotos que tire com ela, possivelmente neste tópico. Até lá!

Offline Black Phoenix

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Re: A história da Nikon F3
« Responder #1 em: 16 de Agosto de 2013, 21:15 pm »
Ora bem,

Algumas fotos da máquina em questão:














Offline Artur

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Re: A história da Nikon F3
« Responder #2 em: 16 de Agosto de 2013, 23:49 pm »
arranjas te um entretem novo ?

Offline Black Phoenix

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Re: A história da Nikon F3
« Responder #3 em: 17 de Agosto de 2013, 00:10 am »
Não deixa de ser fotografia, que algo melhor para aperfeiçoar se não uma maquina totalmente mecânica, sem automatismos?

Assim começo a dar valor ao facto de pensar, pensar, pensar, pensar, e antes de carregar no botão de disparar, voltar a pensar.

E que com as digitais, se a foto não está em condições, apaga e tira nova, aqui por cada uma que tiras e dinheiro que deitaste fora. O rolo tem 36 fotografias, consegues espremer com jeito 38, 39 com alguma sorte. Cada uma tem um valor quando mandas revelar, logo pensas varias vezes para fazer render o valor.

Offline Artur

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Re: A história da Nikon F3
« Responder #4 em: 17 de Agosto de 2013, 00:12 am »
já tou cansado só de ler , quanto mais para pensar

Offline Sls a GPL

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Re: A história da Nikon F3
« Responder #5 em: 17 de Agosto de 2013, 01:20 am »
Realmente é uma boa maneira de não se ter "lixo" a ocupar espaço, como acontece muitas vezes com as fotos digitais, por outro lado, obriga a tirar fotos (muito) boas.

Realmente existem coisas bastante engraçadas e complexas à nossa volta e não damos conta nem valor, este é um belo exemplo. Uma "simples" maquina de fotografias, e por trás esconde-se "um mundo" de coisas que nem imaginavamos.

Offline Black Phoenix

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Re: A história da Nikon F3
« Responder #6 em: 17 de Agosto de 2013, 02:17 am »
Gosto especialmente desta maquina pela robustez da mesma, patente no peso dela. Pesa cerca de 750g sem lente, no formado F3HP.

Ou seja é maquina para pesar com lente para perto de um Kilo e pouco. O facto de ser toda fabricada em metal, para alem de a tornar um tanque, da-lhe um certo estatuto, para quem como eu gosta de boas peças de engenharia.

Actualmente tenho-me voltado mais para o vintage, comecei a dar mais valor as obras de engenharia feitas nos anos 70 e 80, em que o mecânico predominava.

Na mesma serie da F3 estão estas concorrentes:


Nikon F3 (Apenas para comparação);


Olympus OM-2N


Pentax LX com PowerDrive (acessório)


Canon New F-1


Contax RTS II Quartz


Konica Autoreflex T4


Minolta X700

Como podem ver, tudo obras de arte e de construção irrepreensível.

Não ponho as Leica aqui porque são máquinas classificadas como Rangefinder, a maioria. Em termos de SLR não são muito fortes, mas são caros.

Offline Kovinha

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Re: A história da Nikon F3
« Responder #7 em: 17 de Agosto de 2013, 12:43 pm »
Quando o meu pai ganhava uns cobres a fotogradar casamentos e batizados era com um F2 que ele trabalhava...Uma máquina autêntica de guerra substituida em 1998, penso eu, por uma Canon EOS 5, trazida de Macau na altura por um colega de trabalho dele por uns meros 280 contos...

Ainda hoje a F2 trabalha sem qualquer tipo de problema e uma pai ainda diz: "tenho pena de ter deixado a F2 de lado, mas a EOS5 é muito mais rápida e eficaz..."

Offline Sls a GPL

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Re: A história da Nikon F3
« Responder #8 em: 17 de Agosto de 2013, 14:22 pm »
(...)
Não ponho as Leica aqui porque são máquinas classificadas como Rangefinder, a maioria. Em termos de SLR não são muito fortes, mas são caros.
Isso quer dizer que???...

Offline Ricardo

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Re: A história da Nikon F3
« Responder #9 em: 17 de Agosto de 2013, 14:26 pm »
Bela máquina fotográfica :smiley:

Offline aacc

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Re: A história da Nikon F3
« Responder #10 em: 17 de Agosto de 2013, 16:40 pm »
     Tens o Rolls Roice das máquinas fotográficas,
que utilizam o formato de filme 24*36mm.
   Há uns anos quis adquirir uma, mas o dinheiro era curto

               Os meus parabéns

Offline Black Phoenix

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Re: A história da Nikon F3
« Responder #11 em: 17 de Agosto de 2013, 17:54 pm »
Isso quer dizer que???...


RangeFinder - Basicamente é uma maquina em que o visor por onde olhas é composto por duas imagens, que ao se fundirem significa que a imagem está correctamente focada. Esse visor não tem qualquer relação com o que a lente mostra, ou seja ao contrario de uma SLR, as maquinas tipo RangeFinder não tem espelho interno por detrás da lente, mas ao mexeres os anéis de focagem, os mesmos fazem o visor mexer, apesar de não corresponder ao que se vê através da lente. O que significa que se montares uma lente de Zoom por exemplo, não irás ver o zoom correspondente a lente montada, a profundidade de campo mantém-se a mesma. Por isso e que a maioria de maquinas RangeFinder não tem lentes de Zoom, apenas lentes de focagem fixa.

Esta fotografia explica melhor:



Do lado esquerdo tens a imagem não focada, onde vês duplicação do elemento, do lado direito a correctamente focada.

Offline Black Phoenix

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Re: A história da Nikon F3
« Responder #12 em: 07 de Setembro de 2013, 15:30 pm »
Ora bem a menina foi para reparação. Foi detectado que o sistema de metering estava com as medições fora do parâmetros cerca de 10%.

As esponjas de protecção/anti luz encontrava-se a desfazer, logo aproveitei, vai ser feita uma limpeza/revisão geral bem como recondicionamento para estado imaculado. Mais uma nota preta, espera-se, mas quem corre por gosto não cansa. No entanto já foi tirado o primeiro rolo a preto e branco, dai ter sido detectado a entrada de luz e a sub-exposição. Basicamente foi um rolo para o lixo, mas e normal com maquinas que não são usadas há muito tempo.

Novidades posteriormente.

Offline aacc

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Re: A história da Nikon F3
« Responder #13 em: 08 de Setembro de 2013, 00:01 am »
Viva Black Phoenix
Para evitar problemas inerentes à passagem do tempo,
o melhor local para guardar equipamento fotográfico quanto a mim,
é no interior duma simples mala térmica.
Não há pó, não há humidade e as variações de temperatura,
são fortemente atenuadas.
Espero ter ajudado a conservares a tua menina, por longos anos.