Não sejas aldrabão Carlos. A Renault não vale nada.
Tavares: Renault considera lançar marcas de luxoCompanhia planeja ampliar portfólio para cima e avançar na China e Rússia. Sobre o Brasil, nenhuma palavra.Calos Tavares, COO do Grupo RenaultEm entrevista à agência Bloomberg no início desta semana, o chefe de operações (COO) do Grupo Renault, Carlos Tavares, revelou que a empresa pretende acrescentar ao seu portfólio duas marcas de luxo, para ampliar sua rentabilidade na parte de cima do mercado. Ao mesmo tempo, o executivo confirma que a companhia segue com sua estratégia de ampliar atuação em mercados emergentes, para depender menos das vendas na Europa, em queda no momento. Segundo Tavares, a Renault poderá relançar a Alpine (que comprou nos anos 1970 e fechou nos 1990) e recriar seus modelos esportivos. Também está nos planos a criação de outra marca de luxo, que poderá ser a Initiale Paris, hoje usada para séries especiais. Com isso, o grupo francês ficaria com quatro marcas: a romena Dacia para desenvolver carros espartanos de entrada (é o que restou para o Brasil), a Renault ficaria com os segmentos generalistas de maiores volumes, a Alpine nomearia esportivos e a Initiale Paris ficaria para automóveis de alto padrão. Atualmente, a Renault não atua no segmento de alto luxo. Seu modelo mais caro na Europa é a minivan Espace (€ 35,1 mil), vendida praticamente pela metade do preço, por exemplo, de um sedã A8 (€ 78,8 mil), da Audi, a divisão de luxo do Grupo Volkswagen. A Renault quer agora explorar a parte alta do mercado para diminuir sua dependência da parte baixa, no momento em que suas vendas recuam em um de seus principais espaços, o Leste Europeu, onde os emplacamentos caem pelo quinto ano consecutivo e a marca faz 65% dos negócios, justamente com modelos de rentabilidade menor. “Nós devemos ter um dia uma marca de luxo. Isso ajudaria do ponto de vista da rentabilidade, assim como acontece com a Audi para a Volkswagen”, disse Tavares à Bloomberg. É fato: a Audi respondeu por 44% do lucro operacional do Grupo Volkswagen no primeiro trimestre de 2012, mas representou só 15% do total das vendas da companhia no período. No mês passado, o jornal francês Les Echos publicou que a Renault tomará uma decisão até o fim deste ano sobre a criação das marcas Alpine e Initiale Paris. Em fevereiro, Tavares deu uma pista sobre o desenvolvimento de um novo modelo de luxo: ele afirmou que a Renault estava no estágio inicial de um projeto baseado na plataforma do sedã Mercedes-Benz Classe E, dentro do acordo de desenvolvimento conjunto que o grupo francês firmou com o alemão Daimler em 2010. Outra possibilidade é usar a sociedade já estabelecida com a Nissan, que nos Estados Unidos criou em 1989 a linha de luxo Infiniti. Tavares conhece bem o produto e essa estratégia, pois antes de assumir a chefia de operações do Grupo Renault, em julho de 2011, estava no comando da Nissan Américas. EXPANSÃO NOS EMERGENTES Ao mesmo tempo em que planeja ampliar o leque de marcas, a Renault quer aumentar sua velocidade de expansão fora da Europa, especialmente nos emergentes. Na Rússia, que pode ultrapassar a Alemanha em vendas a partir de 2014, após a aquisição da AvtoVaz, fabricante da bem vendida marca Lada, a Aliança Renault Nissan tem a meta de aumentar sua participação no país dos atuais 33% para 40%. Na China, o maior mercado automotivo do mundo atualmente, a empresa francesa assinou uma tentativa de acordo de produção com o Dongfeng Motor Group. A Renault também negocia com o governo da Argélia a construção de uma fábrica visando ao crescimento no norte da África. “Você ficará surpreso em poucos anos quando verificar a participação de mercado que vamos ter em algumas regiões fora da Europa”, disse Tavares à Bloomberg. Sobre o Brasil e Mercosul, estranhamente, o executivo nada disse, apesar de ser um mercado emergente onde a Renault experimenta o melhor desempenho de sua história, com expressivo crescimento das vendas, baseado em uma linha de produtos adaptados da Dacia.