Introdução:
Os biocombustÃveis são produtos combustÃveis renováveis produzidos a partir de matéria orgânica. A quantidade de CO2 que libertam para a atmosfera é inferior à que foi absorvida pelas plantas durante a sua vida.
Em 1893, na exposição universal de Paris, Rudolf Diesel apresentou um dispositivo inovador. Um motor de combustão interna e ignição por compressão que queimava óleo de amendoim. Com o motor Diesel, pretendia o seu inventor restituir aos agricultores a autonomia e independência, devolvendo-lhes a tarefa de produzir o combustÃvel utilizado nos transportes.
A Directiva 2003/30/CE do Parlamento Europeu e do Conselho estabeleceu metas indicativas para a penetração dos biocombustÃveis nos carburantes: 2% em 2005 e 5,75% em 2010. Embora não estejamos convencidos que está aqui a solução para a crise energética que se adivinha, acreditamos que podemos minorar o problema enquanto novas soluções técnicas não surgem no mercado.
Todos os veÃculos a gasóleo podem consumir alguma percentagem de óleo vegetal directamente (OVD) sem qualquer modificação no motor, e podem consumir biodiesel fabricado a partir de óleo alimentar novo ou usado.
À semelhança do que sucede com o GPL para os motores a gasolina, também é possÃvel realizar pequenas alterações num motor Diesel para queimar elevadas percentagens de óleo vegetal (OV). Milhões de quilómetros feitos por milhões de utilizadores no mundo inteiro, desde a crise petrolÃfera de 1973, forneceram procedimentos e uma base de dados sobre os motores e as alterações a realizar para se poder atestar o depósito com óleo vegetal em vez de gasóleo. Para além da motivação Ecológica (redução dos gases promotores de efeito de estufa, ausência de enxofre, e outras partÃculas), Social (devolver aos agricultores a iniciativa da produção de energia para os transportes, fixar as populações no meio rural), PolÃtica (diminuição da dependência do exterior), também existe uma dimensão Económica (adaptando os impostos que incidem sobre os combustÃveis pode tornar-se muito atraente o recurso a formas de energia mais limpas).
A União Europeia tem vindo a promover a utilização dos biocombustÃveis através de diversas iniciativas legislativas, o mesmo tem vindo a fazer o Governo Português faltando, no entanto, agilizar a regulamentação, bem como a homologação dos veÃculos para a utilização destes combustÃveis, à semelhança do que sucede com o GPL (um combustÃvel fóssil e não renovável).
Os motores a gasolina também podem consumir combustÃveis produzidos a partir de matéria orgânica, incluindo detritos florestais.
Para além dos transportes, também o aquecimento doméstico pode ser feito com biocombustÃveis, em vez de gás, electricidade, ou gasóleo.
Perguntas frequentes
Qual a percentagem de óleo vegetal que se pode usar sem adaptação?
O óleo vegetal pode ser adicionado ao gasóleo, segundo certas regras e sem qualquer adaptação, dependendo sobretudo da marca e do tipo de bomba injectora .
Se for p.ex. Bosch e em linha, poder-se-á adicionar entre 65% no Verão e 35% no Inverno. Se o carro for mais recente, com sistema bomba-injector ou common-rail, estas percentagens passam para 15% e 30%.
Há pessoas que começam usar OV em percentagens elevadas e, como não notam logo problemas, dizem que é seguro. Para terem noção o que está acontecer no motor, observem bem estas fotos de uma experiência num motor de tractor, sem kit nem pré-aquecimento:
O relatório completo pode ser lido aqui:
http://www.iapar.br/biodiesel/oleobruto.pdfComo se faz?
É aconselhável começar com percentagem, a partir de 10% OV (OV10) e gradualmente aumentar até percentagem recomendada. Cada novo depósito +10% do OV. Para misturar o OV, basta primeiro abastecer com gasóleo e depois adicionar o OV. Recomenda-se também adição de 2% da gasolina sobre o volume total do combustÃvel.
Para poder usar uma percentagem mais elevada, o que fazer? Os tais kits de conversão, como se arranjam, quanto custam, no que consistem?
Quem quiser usar, de forma segura, percentagens mais altas de OV, terá de fazer uma adaptação ao sistema de combustÃvel do seu carro. Dependendo do carro, do seu sistema de injecção, existem vários kit’s cujos componentes consistem em sistemas de aquecimento do OV, de purga automática, de comutação do combustÃvel e de comando e controlo. É bastante parecido com os sistemas de GPL para os carros a gasolina. Há kits, de 1 ou 2 depósitos, os mais simples desde 300 € até os mais sofisticados de 1.600 € (incluindo IVA e montagem).
O uso do óleo vegetal altera em alguma coisa o rendimento/performance do automóvel?
O OV é um aditivo cuja utilização, em geral, aumenta ligeiramente o rendimento e o performance do motor. O motor passa a trabalhar mais suavemente, com menos barulho. O consumo tende diminuir em 5 a 10%. Também diminuem as emissões dos gases poluentes (CO2, partÃculas, enxofre). Aumenta ligeiramente a emissão do NOx. Em geral tem um impacte ambiental altamente positivo e supera, em alguns indicadores até os mais recentes carros considerados ecológicos.
Pode se utilizar o óleo já usado?
É possÃvel aproveitar o OV usado, mas tem de se ter muito cuidado e fazer um tratamento antes de colocá-lo no depósito. O OV recolhido nos restaurantes contém, além das partÃculas grossas, água, sal, detergentes, etc. Existem processos de lavagem deste OV e é preciso sempre fazer uma filtragem suficiente (até 1 mÃcron) para não causar problemas no carro.
Quando se converte um automóvel, é necessário dar conta dessa alteração a alguma entidade oficial? Por exemplo a DGV ou outra?
Quando se adapta um carro, deveria proceder-se a uma alteração do livrete junto da DGV. Infelizmente pessoas que já tentaram solicitar esta alteração à DGV, não obtiveram resposta. Ainda não existe qualquer lei nem regulamentação que permite legalizar o uso do OV nos carros. Por isso ninguém na DGV sabe como proceder. É uma questão de tempo. Na Alemanha, por exemplo, o OV já é usado em larga escala, existem dezenas de milhares carros adaptados e quase 300 bombas públicas, onde é possÃvel abastecer o OV.
Qual diferença entre biodiesel e óleo vegetal?
Para poder usar o OV no motor, sem prejuÃzo, tem de se tornar mais fluente (menos viscoso). Para isso podemos ou fazer mistura do OV com gasóleo ou aquecê-lo (OVD) ou forçar uma alteração quÃmica - transesterificação (com recurso a metanol e soda cáustica) - o resultado é BD (biodiesel). Durante o processo de transesterificação é substituÃda, na molécula do óleo, a cadeia da glicerina pela cadeia do metanol. A soda cáustica ajuda equilibrar a acidez do produto. A viscosidade do biodiesel é parecida com a do gasóleo. Já existem, em Portugal, carros de todos os tipos a funcionar exclusivamente com BD.